domingo, 2 de fevereiro de 2014

EXPLORANDO AVES NO LITORAL CATARINENSE

Balneário Arroio Silva - Morro dos Conventos


Balneário Arroio Silva é um município de Santa Catarina. A história do município  começa na década de 1920, quando foram construídos os primeiros hotéis  no final dessa década, muitos veranistas gaúchos costumavam veranear no local. Havia poucas casas.  Os primeiros tempos foram  difíceis,  acesso ruim,  falta de luz e  água encanada.
 O Balneário possui 22 km de praia contínua, a praia central é Arroio Silva, ao sul estão as praias da Meta, dos Golfinhos, do Mariscão e da Caçamba. Uma das atrações mais conhecidas é a Arrancada de Caminhões que acontece  na Praia da Meta a 2 km do centro. Outra atração desta praia é a Plataforma de Pesca com 410 m de extensão.  A praia de Mariscão e da Caçamba promovem no mês de janeiro, etapas do Circuito Regional de Arrancada de Motos.





19 de janeiro de 2014 – Domingo
Chegada à Arroio Silva às oito e meia da manhã. Estava cansada. Os sogros preparavam o almoço. Descansei até o meio-dia. À tarde, ainda sem sair de casa observei o canto forte da passarada. Meu sogro alimenta os pássaros no quintal com milho quebrado, observei vários pardais e pássaros cinza. Há dimorfismo sexual entre os pardais? Sempre  pensei que fossem iguais, mas junto com os pardais há vários pássaros cinzentos. Teria que verificar na Internet, pois não estava com um guia de aves em mãos. Quem diria que um pássaro tão comum como o pardal, comum  em qualquer lugar, me trouxesse essa dúvida, mas eu não lembrava mais. Os pássaros eram muito ariscos, chegava perto da janela para vê-los, mas eles escapavam rápido, a muito custo consegui, bater as duas fotos abaixo, o pardal com sua gravata preta e um pássaro cinza que pode ser a fêmea do pardal ou a fêmea do canário.  Pensei que deviam ter sido molestados por gatos, eles precisam agilidade para fugir se necessário , pois alimentados no chão podem ser presas fáceis de gatos e cães. Mais tarde consultei na Internet e descobri que os pardais diferem de cor conforme o sexo, os machos tem as cores mais vivas e as fêmeas possuem cores mais cinzentas.
Pardal (Passer domesticus) alimentando-se com quirera no chão


A fêmea do pardal comendo quirera no chão
À tardinha fomos caminhar na praia do Morro dos Conventos, próximo daqui. Pensávamos em levar nosso labrador Djambo para seu primeiro banho de mar. Ele tem 8 anos, mas parece mais velho, talvez  por ter  perdido a irmã no final do ano. Agora por estarmos só com ele, ficou acessível trazê-lo à praia, pela primeira vez. Procurávamos uma praia deserta. Porém não encontramos um espaço deserto, apesar de termos visto uma fila interminável de carros saindo do Balneário em direção à BR 101, a praia ainda tinha movimento de pessoas, pescando e tomando banho de mar.
Ao longe sobre as dunas de areia consegui ver diversas garças brancas, não consegui distinguir se era a grande ou a pequena, não lembrava a diferença das duas. Fotografei-as para verificar depois.


 Garça-branca-pequena (Egretta thula) em bando nas dunas
Bico e pernas pretas, esbeltas com suas pernas compridas


Nosso labrador tomou seu primeiro banho no mar, desconfiado com tanta água, com o movimento das ondas, não perdia de vista seu dono, enfrentando com coragem a força das ondas para não perder de vista seu amigo fiel. Final da tarde, poucas pessoas na praia. Já tínhamos visto a placa “proibido cães”, mas ninguém reclamou. Para não abusar da transgressão fomos caminhar nas dunas de areia. Alguns quero-queros afastavam-se de nós, mas continuavam próximos, acostumados com as pessoas. Estes sentinelas dos campos estão se transformando também em sentinelas das praias.

Quero-quero (Vanellus chilensis)
 Ao longe observei um casal de pássaros com bico vermelho vivo, com a máquina aproximei a imagem. Ave marinha com o bico comprido, próprio para pegar presas na água.  Percebi suas pernas semilongas, íris vermelha como o bico, cabeça e pescoço pretos, dorso em tons de acinzentados e peito branco. Meu marido seguiu em frente, com o Djambo, sem perceber as aves, elas  ficaram irrequietas, sonorizavam alto e andavam de um lado para outro.


Piru-piru (Haematopus ostralegus)

Aves ficaram agitadas com nossa presença.
Uma delas ficava próxima a uma vegetação no topo de uma duna e a outra circulava e voava, com certeza ali estavam os filhotes ou ninho.  Talvez o labrador as tenha assustado, mas depois de várias fotos, literalmente eles nos expulsaram dali, pois davam rasantes sobre nós. Ao chegar em casa descobri no site da Wiki Aves que o pássaro é o piru-piru (Haematopus ostralegus), descrito como ave pernilonga robusta que vive à beira mar, encontrado em toda a orla marítima brasileira. Ave pernilonga, de pernas longas, mas não tão longas como a das garças. Gravei seu canto de alarme.


Piru-piru (Haematopus ostralegus)
Observei apenas um casal  nas dunas, uma placa logo a seguir indicava que estávamos no Paiquerê, praia próxima a Morro dos Conventos.

Paiquerê – local de águas termais

Djambo cansado  de andar nas dunas





20 de janeiro de 2014 – Segunda-feira - Dia de São Sebastião
Saímos de madrugada para ver o nascer do sol.  Espetáculo  muito lindo, apenas alguns pescadores na praia. O labrador entra no mar pela segunda vez, a água está fria, as ondas estão fortes. Garças brancas sobrevoam a praia. Pesquisei na Internet e descobri a diferença entre a garça grande e a pequena. A garça pequena tem o bico e as pernas pretos e pés amarelos, seu comprimento é em torno de 58 cm, enquanto que a grande tem quase um metro de comprimento, possui o bico amarelo e pernas e pés pretos.
A beleza do nascer do sol, espetáculo para quem acorda cedo


Garça-branca-pequena (Egretta thula)
Algumas garças-brancas-pequenas  estão na borda da praia, onde as ondas arrebentam, elas se agacham, andam de lado rápidas, ou de um lado para o outro a cata de um petisco. Há muitos quero-queros ( Vanellus chilensis) na praia. Quando sentem aproximação afastam-se ou voam para outro local. Essas aves  são encontrados cada vez mais nas praias, sempre em sentinela fazendo alarde quando ameaçados.

Quero-queros ( Vanellus chilensis)
Voltamos pelo centro do balneário, ainda vazio, garis varriam as calçadas. Perto de bares pardais alimentavam-se de restos de alimentos pelo chão.

Fêmea de pardal com filhotes alimentando-se de restos

Djambo aproveita para  marcar território na pracinha
A volta para casa foi de muita riqueza, como era cedo ainda,  observei muitas aves, cantarolando nas árvores, pousando nos fios e postes.

Sabiá-do-campo (Mimus saturninus)
Sabiás, rolinhas, andorinhas e bem-te-vis faziam a festa de manhã cedinho, procurando alimentos, sobrevoando a cidade, cantando e recebendo o novo dia com muita cantoria.

Casal de pombinhas

Andorinha-pequena-de-casa

Bem-te-vi (Pitangus sulphuratus) no alto de um pinus iliote
À tarde fomos até Morro dos Conventos, entramos na praia e depois fomos até o morro do Farol. Local muito lindo arborizado, uma placa  informava “Marinha do Brasil – Farol Araranguá” , dados geográficos e a altura do farol: 11 metros. Alertava “Qualquer interferência no seu funcionamento pode colocar vidas em perigo”. Este farol foi inaugurado em 1953.

Farol do Morro dos Conventos
Várias pessoas estavam lá tirando fotos. Do alto podíamos ver as dunas lá embaixo, a balsa sobre o rio Araranguá  e a praia.

Vista com dunas e Rio Araranguá
Depois de observarmos a paisagem descemos uma pequena trilha na mata até as dunas. A descida foi difícil, entre a mata fechada, a trilha parecia mais um valo de escoamento de água, cipós grossos ajudavam na descida, encontramos uma árvore caída na trilha mostrando suas raízes. Uma placa advertia sobre o lixo, mas encontramos no caminho latas de cerveja e garrafas pet. A trilha terminou num banco de areia, sol escaldante, andamos mais um pouco e depois voltamos pelo mesmo caminho. Djambo se esforçou para acompanhar.
 No final da trilha na mata chegamos às dunas, muita novidade para Djambo
A  volta pela trilha foi mais cansativa, porém menos perigosa. Lá no alto fotografei os urubus voando e a casa de um joão-de-barro.
 Vários urubus sobrevoavam o local


Casa do joão-de-barro (Furnarius rufus) sobre o poste de cimento

21 de janeiro de 2014 – terça-feira

Outro dia quente. Saímos cedo,  para caminhar e ver o sol nascer. Djambo acompanhou  para tomar banho de mar. Sempre que podia enfrentava os cachorros de rua, que sentiam curiosidade em chegar perto dele. Nesse dia percebi um pássaro diferente acompanhando os quero-queros. Com o zoom da máquina identifiquei uma ave de rapina, trata-se do gavião chimango. As aves de rapina são carnívoras, possuem os bicos recurvados e pontiagudos, garras fortes e visão de longo alcance. O chimango estava sozinho entre os quero-queros, quase se confundindo com eles devido ao mesmo tamanho. Ao perceber minha aproximação me olhava curioso, mas voava longe para afastar-se do labrador.
 Gavião-chimango ( Milvago chimango)

 Andorinha-da-casa-pequena
 Bandos de quero-queros na beira da praia, sempre alertas, prontos para proteger seu território.
Nos fios próximos as casas muitas andorinhas pousavam, com o peito branco refletindo o sol.
Pardais na areia

Bandos de pardais, mais próximos das casas também procuravam alimentos na areia da praia e as garças aventuravam-se na borda da praia procurando alimentos trazidos pela água.
Garças pescando na margem da praia
Coexistência pacífica entre as aves do litoral

De repente um cão avança num quero-quero e o bando todo levanta voo em alvoroço, alguns dão rasantes no cão que escapa correndo. Neste momento percebo duas aves diferentes a pouca distância, semelhantes, mas uma delas possuía um pescoço maior.




Os dois possuem bico comprido e preto topo da cabeça preto, dorso escuro, penas claras, peito, pescoço , abdômen brancos. Pernas amareladas. Descobri que é da família dos socós, este é o savacu, conhecido como socó-dorminhoco.


Savacu, ave de hábitos noturnos
Neste dia comemos um delicioso risoto de camarão, feito pelo Rubens, estava uma delícia, compramos ração e shampoo antialérgico para o Djambo.  À tarde fomos numa localidade  distante 12 km para tentar a achar o terreno comprado pelo sogro há mais de 20 anos, quando iniciaram o loteamento Lagoinhas. Era grande o trecho de estrada de chão. Vi muitos pássaros diferentes, Siriemas, gaviões e outros.

A região de Lagoinhas é um grande loteamento que se desenvolveu na faixa próxima ao mar, mas os terrenos distantes do mar ficaram desertos, algumas casas foram construídas, mas ficaram isoladas, outras viraram taperas. Mas a faixa próxima ao mar é arborizada com pinheiros exóticos,  as casuarinas. Podia ter sido arborizada com palmeiras ou outras nativas, mas apesar disso há uns lugares  lindos. Estacionamos numa rua que dava para um restaurante e bar. Seguimos a pé até a praia.



Gostamos do lugar, levamos guarda-sol. Aproveitamos para entrar na água.  Na chegada avistei uma ave diferente com as pernas muito longas. Uma ave engraçada de pernas rosadas  muito longas, depois descobri tratar-se do Pernilongo.
 Pernilongo (Himantopus melanurus)

Pernilongo (Himantopus melanurus) bico pontudo e pernas longas, características do pernilongo
Os dois pernilongos voaram com a nossa chegada.  Depois da água fui caminhar nas dunas, com esperança de encontrar com as corujas buraqueiras, mas ainda não era o momento, pois não as encontrei.  Na volta conversamos com um casal  que  também compraram um terreno ali, mas que estão a espera de vizinhos que construam próximo a casa deles. Nesse interim passou uma moto e o Djambo atacou, fazendo o motorista e o caroneiro pararem e descerem da moto, enquanto o Rubens se desculpava avistei outra ave ao longe e captei na máquina com o zoom, era a mesma espécie que já tinha visto em Arroio Silva, o gavião-chimango.
 Gavião-chimango
O Djambo entrou rapidinho no carro e seguimos um pouco adiante, seguindo as orientações do casal que encontramos na praia, fomos até o bar na beira da estrada que possuía o mapa do loteamento.  Chegamos num lugar muito lindo, arborizado com um espaço na frente com  lago, ponte, quiosque e um comedouro de aves. Pardais e um pássaro  preto alimentavam-se. Soubemos que o terreno 77 fica na quadra 12. As indicações eram seguir até encontrar uma casa abandonada com o telhado caído. Depois voltar na quadra anterior e dobrar a esquerda. A explicação do dono do bar parecia bem fácil de achar, porém andamos muito e não encontramos o que parecia ser uma casa abandonada com telhado destruído. Nestas andanças vi um gavião diferente, percebi as listras negras na face.  Desta vez o Rubens parou e eu pude fotografar. 
Era o falcão-de-coleira (Falco femoralis) pousado sobre um poste. Percebi seu peito branco, contrastando com o dorso preto  com pintas marrom. Duas listas pretas  marcavam verticalmente a face branca.
 Falcão-de-coleira (Falco femoralis)
Andamos mais adiante e quando pensamos em voltar avistamos uma casa abandonada, entramos na estrada de areia, se fosse ali, podia ser qualquer pedaço de terra, uma planície com vegetações rasteira sobre a areia. Olhando mais de perto percebemos palmeiras de butiá jovens  e uma espécie de orquídea bem miudinha. Voltamos para casa, achamos o local inóspito e longe da praia.

22 de janeiro de 2014 –quarta-feira
Saímos cedo novamente para passear e ver o sol nascer. Quando chegamos à praia o sol já estava subindo. O espetáculo é sempre surpreendente, cores quentes no céu  refletindo na água do mar.
 Garças  e pescadores compartilhavam as margens da praia. Quero-queros procuravam alimentos na areia.  Djambo entrou na água, hoje estava mais acostumado com o ambiente, não aprontou tanto correndo atrás dos outros cachorros. O sol  pintava o firmamento com suas cores quentes, prometendo um dia ensolarado.  Ao voltarmos para casa fotografei canários da terra  saltitando  na grama úmida  a cata de alimentos.
 Canário-da-terra

Anu-branco (Guira-guira)

 Cães de guarda faziam muito alarde quando passávamos com o Djambo, no meio dessa barulheira de latidos ouço um som muito diferente do que estava acostumada. Olhei para uma árvore seca, cheia de galhos no quintal de uma casa e vi várias aves, entre elas um anu-branco.


Uma pomba-de-bando pousando em um fio, me olha de cima abaixando a cabeça.
 Uma tesourinha balança a cauda longa bifurcada, caudas mais longas pertencem aos tesourinhas  machos.
 Perto de casa a passarada estava solta. Sabiás-do-campo pousavam nas árvores e nos postes, pardais piavam em bando, me detive em alguns pássaros pretos, não identificados,  nos fios de luz.

 trio de chupins nos fios


Mais tarde fomos visitar amigos da família ali perto, a Maria e o Danilo, eles estão com um cachorro muito lindo, chauchau, chamado Chiquinho, pedimos para que ele ficasse solto, mas como é jovem pulava sobre nós. Combinamos de almoçarmos juntos no outro dia, convite do Rubens. No caminho de volta fotografei andorinhas com o peito branco. Essa é uma espécie diferente, pois não tem o capacete preto como as outras. É a andorinha-do-campo, ela acasala na Amazônia e vem para o sul no verão nidificar. Uma curiosidade dessa espécie é que o casal dorme juntos no ninho. Um ninho muito apreciado e usado pela andorinha-do-campo é o do joão-de-barro!

Andorinha-do-campo (Progne tapera)


23 de janeiro de 2014 – quinta-feira

De manhã cedo seguimos até a praia por outro caminho. Passamos por uma praça com uma quadra cercada. Avistamos anus-brancos no gramado fora da quadra, quando sentiram nossa presença entraram na quadra. Percebemos que o gramado era perfeito como se fosse grama artificial, e realmente era.
Anus-brancos (Guira-guira)
Caminhamos na praia, como sempre com o labrador aterrorizando os vira-latas. Um vira-lata mais velho o enfrentou, isto é, não fugindo com a sua aproximação. Jambo parou e aos poucos o cheirou, depois voltou para junto de seu dono, o vira-lata mais velho venceu. Jambo aprendeu a lição. Vários vira-latas observavam ao longe  seguros da imponência do líder. Avistei de novo o Chimango solitário na praia.
Coruja-buraqueira
 Voltamos pelo centro e nos deparamos com uma pracinha onde tem os aparelhos de academia para a terceira idade.  Eles continuaram e eu fiquei me exercitando. De repente ouvi um grito de um pássaro muito próximo. Olhei para trás e vi uma coruja sobre a lixeira, há uns dois metros atrás de mim. Um cão latia para ela e ela reclamava. Sai rápido do aparelho para pegar a máquina fotográfica. Era a chance que eu esperava desde que cheguei à praia, fotografar uma coruja buraqueira, tão comum por aqui. Ela voo e eu a segui. Pousou nos fios de energia na rua em frente e percebi outras corujas, fotografei-as. Estava muito feliz e emocionada.
filhote jovem de coruja-buraqueira
Voltei pela rua que dá na quadra cercada e percebi um pássaro preto pousado na rede que cerca a quadra. Pensei que ele estivesse preso pela asa, ou talvez estivesse, pois ele ficou ali piando alto muito tempo. Quando pensei em chamar alguém para me ajudar a libertar sua asa, ele conseguiu se soltar e voou mais abaixo.Esse pássaro é o chupim,  pássaros que não constroem seu ninho, mas utilizam-se de outros ninhos para colocar seus ovos que serão chocados e adotados pelos donos dos ninhos, quase sempre por tico-ticos, tangarás, andorinhas, etc..
Pomba-de-bando

Seguindo me deparei com uma pomba-de-bando alimentando-se no chão,  rapidamente bicava no gramado enquanto caminhava calmamente ao redor de uma árvore.

Preparamos o almoço para recebermos a Maria e o Danilo. Carne assada, risoto de carne, maionese e salada, estava uma delícia, eles elogiaram muito. Depois do almoço conversamos bastante. Mais tarde fomos às águas termais de Paiquerê. O Rubens foi caminhar  com o Djambo nas dunas enquanto  nós entramos nas águas. O local é modesto. Uma piscina rasa e pequena no lado externo e outra um pouco mais funda com um chuveiro central em uma  área coberta. Essa estrutura tem também uma área de alimentação com bar,  mesas e cadeiras. Duas mulheres e duas crianças estavam na piscina externa. Entramos com a Maria e o Danilo enquanto o Rubens foi passear nas dunas com o Djambo.

 Como o movimento tinha diminuído bastante, pardais se aproximaram  para se alimentarem dos restos pelo chão.  Estava na piscina coberta e os observava chegando perto. Deu tempo de pegar a máquina fotográfica da bolsa que estava numa cadeira e bater fotos de um casal de pardais.

Percebe-se claramente o dimorfismo sexual, o pardal macho possui cores mais fortes que a fêmea, com cores mais apagadas.


A fêmea tem as cores mais discretas
O casal saltitava pelos espaços vazios do bar

O Rubens voltou com o Djambo, havia muitas rosetas no caminho, o Djambo chegou cansado e com espinhos nas patas, entrou no carro e não saiu mais, ficou dormindo. Sai  da piscina para cuidar do labrador no carro e o Rubens pode entrar na água também. O terreno do estacionamento tinha vários pinus iliote ao redor, com comedouros de pássaros fixados nas árvores. Pude fotografar anu-branco, rolinhas e outros pássaros.


24 de janeiro de 2014 – sexta-feira

Por conta do cansaço de ontem e do calor da noite passada acordamos tarde. Sai sozinha para me exercitar nos aparelhos de ginástica da praça. Vários senhores e senhoras de terceira idade aproveitavam a academia, todos protegidos com seus chapéus e bonés. Eu estava sem chapéu, mas com protetor solar.  Já tinha visto as corujas no dia anterior. Elas já estavam por ali,  vi quatro delas, nos fios da rua lateral e nos telhados e chaminé das casas daquele lado. Depois de me exercitar em todos os aparelhos, observei um pássaro diferente próximo ao fio em que pousava uma coruja, pelo tamanho pensei ser a fêmea da tesourinha, já que possuía cauda bifurcada, porém sua cauda era menor. Quando me aproximei mais e dei um zoom na máquina descobri ser um beija-flor pelo bico comprido.  Não tinha visto beija-flor ainda, procurei o melhor ponto sem que o sol atrapalhasse. Descobri mais tarde tratar-se do beija-flor-tesoura (Eupetomena macroura). Ele ficou bastante tempo no fio, limpando suas asas ou paradinho, deu tempo de me aproximar mais e de fazer umas fotos mais nítidas. Esse beija-flor é grande e sua principal característica é a bifurcação da cauda, em forma de tesoura. Considerado um dos mais territorialistas e briguentos.
 Beija-flor-tesoura ( Eupetomena macroura)
 Cores iridescentes no dorso em tons de verde e azul
 Uma senhora da casa em frente apareceu na porta e comentou com alguém que  estavam batendo fotos da  "sua" coruja. Aproveitei e captei as corujas com a lente. Foquei a que estava no topo do poste de luz e esta fez uma pequena apresentação, abrindo a asa direita  e fazendo a limpeza interna com o bico.
 Coruja-buraqueira (Athene cunicularia)

A Coruja-buraqueira (Athene cunicularia) é também conhecida como Coruja-do-campo. Ela tem por  hábito  cavar buracos no solo e usá-los de ninho. Mas quando eu a vi voando até a chaminé da casa próxima desconfiei que podia ser seu ninho, ou seu esconderijo.
Pomba-de-bando (Zenaida auriculata)

 Ao voltar para casa me deparei com uma bela pomba-de-bando (Zenaida auriculata) fazendo sua higiene matinal.
Andorinha-pequena-de-casa (Pygochelidon Cyanoleuca)

 O som de um bem-te-vi, me fez mudar o rumo, mas parei para fotografar uma andorinha-pequena-de-casa (Pygochelidon cyanoleuca), também higienizando-se.

À tarde o Vô Valdir e o Pietro chegaram de Caxias para voltarmos juntos na segunda-feira. Estava muito quente, sol escaldante. De tardezinha fomos às águas termais do Paiquerê. Na proximidade da divisa entre Arroio Silva e Morro dos Conventos, já  tinha notado nos dias que passamos por ali, árvores com bandos de garças pousando em seus galhos.


 Na ida paramos para fotografar as árvores cheias de garças, desconfiava que fossem as garças vaqueiras, garças cosmopolitas de origem africana. Devido ao movimento de carros, paramos no acostamento longe e não consegui fotografar as árvores, mas somente as garças que estavam à beira do lago, mais visíveis.


                          
Bem no centro da foto consegue-se distinguir a garça-vaqueira (bubulcus íbis), com  bico e pernas amarelados,  garças-brancas-pequenas, com  bico e pernas pretas, acima um quero-quero, e  maçaricos-preto ( Phimosus infuscatus), com plumagem negra e bico amarelado.


25 de janeiro de 2014 – sábado
A chuva veio felizmente, o calor estava insuportável. Acordei cedinho como sempre e fui sozinha até a academia, pois estava chuviscando. Não levei a máquina para não danificá-la. Chegando lá vi uma senhora apenas se exercitando ao lado dos aparelhos. Cumprimentei com um Bom Dia, mas não ouvi resposta, ou ela respondeu muito baixo. Os acentos estavam molhados, passei a mão para tirar o excesso e me exercitei em todos os aparelhos. Passou o caminhão recolhendo o lixo e recomeçou um chuvisqueiro cada vez mais forte.  Dei por encerrada minha sessão e voltei para casa rápido para não me molhar muito.
Em casa, da janela da cozinha percebi um pássaro diferente compartilhando com a quirera dos pardais. Bem escondida, por trás da janela consegui dar um zoom na máquina e identifiquei a minúscula rolinha-picuí  (Columbina picui), um pouco maior que os pardais, nos seus 16 cm de comprimento, acompanhava-os pelo chão recolhendo com o bico os pedacinhos de milho colocados ali pelo meu sogro. Era o macho com coloração cinza-azulada. A fêmea tem tons puxando para o marrom.

 Rolinha-picuí  (Columbina picui), coloração do macho
 Rolinha-picuí compartilhando quirera com os pardais, ela é muito pequena, quase do tamanho dos pardais

À tardinha quando fomos visitar a Maria, era o dia do seu aniversário, me envolvi com os pássaros novamente. Na chegada dois anus-brancos entraram no pátio comigo, considerei isso como um bom sinal. O cachorro Chiquinho ficou amarrado, pois da última vez que viemos ele aprontou muito subindo no nosso colo a todo momento. Melhor para os  pardais que só estavam aproveitando, saltitavam pela grama a seu bel prazer, sem que o cão os afastassem. Pela janela percebi que um casal de bem-te-vi tentava se aproximar do gramado, dominado pelos  pardais. Não sei se eles atacavam  ou eram atacados pelos pardais, mas havia confrontos. Eles insistiam e vinham. Fotografei-os de dentro de casa pela janela, sem que eles me percebessem.
 Casal de bem-te-vis
 Bem-te-vi


Casal de Bem-te-vi no topo da árvore podada















Roma